Para quem conhece o ramo de restaurantes, manter as portas fechadas aos domingos pode parecer tão estranho como fechar na hora do almoço. Mas, por mais inusitado que seja, esse fato é justamente um dos motivos para o sucesso da rede americana de lanchonetes Chick-fil-A (uma brincadeira sonora que, em inglês, remete a filé de frango). Desde que o fundador da rede, Truett Cathy, abriu o primeiro restaurante, em 1946 e ainda com o nome “The Dwarf Grill”, nada foi vendido no primeiro dia da semana. A proposta de Cathy é deixar os funcionários livres para passarem tempo com a família, descansarem ou cuidarem da vida espiritual. Quando alguém o questiona por não trabalhar no dia de maior rendimento, ele responde que o ato é uma prova da fé que tem em Deus. Se ainda assim alguém duvida, ele mostra os números do crescimento dos últimos 40 anos, todos positivos.
Bem-humorado, o executivo costuma dizer que “se os clientes comerem conosco de segunda a sábado, não nos importamos que eles almocem na concorrência aos domingos”. Até hoje a família Cathy está à frente do negócio, mas a rede há muito não pode ser chamada de pequena. São mais de 1,3 mil lojas em ruas, shoppings e rodovias dos Estados Unidos. E esse crescimento já começa a incomodar a maior rede de fast-foods do mundo, o McDonald’s. Recentemente, o sanduíche símbolo da Chick-fil-A – um filé de frango temperado com duas fatias de picles – foi copiado pelo concorrente. Não bastasse o ato nada nobre, a gigante do setor ainda colocou um anúncio na cidade de Atlanta, sede da empresa de Cathy, dizendo que servia o lanche nos dias terminados em “y”, ou seja, todos os dias da semana.
A orientação de Cathy para a própria rede foi não responder aos ataques. “Temos coisas melhores para nos preocuparmos”, disse. Mesmo assim, o dono de uma loja no estado de Oklahoma anunciou que quem trouxesse meio sanduíche “pirata” sairia com um original de graça. Cerca de 60 clientes atenderam ao chamado.
A rede tem como prioridade ser melhor antes de ser maior. Por isso, cresce ano a ano, mas ainda não tem lojas fora dos Estados Unidos. A única participação da empresa em território estrangeiro é justamente no Brasil. Trata-se do Lar WinShape, mantido pela fundação de mesmo nome criada por Cathy em 1984. A entidade ajuda jovens com bolsas de estudos e tem 12 lares para órfãos. No Brasil fica em Cidade Ocidental (GO), e cuida de crianças de 7 a 18 anos até que eles sejam inseridos no mercado de trabalho. O sucesso de Cathy mostra que concorrer com um dia a menos na semana não lhe faz falta. E prova aquele velho ditado: “menos é mais”.
Fonte: Espaço do Obreiro
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