sábado, 12 de março de 2011

Brasileiros no Japão e parentes no Brasil.

Pessoas que passaram pelo susto do terremoto seguido de tsunami ou ficaram do outro lado da linha esperando notícias

Por Michele Roza / Foto: Reprodução
michele.roza@arcauniversal.com

Tarde de sexta-feira (11) no Japão. Madrugada no Brasil. Um terremoto de magnitude 8,9 graus na escala Richter atinge o país asiático, precisamente às 14h46 (2h46 no horário de Brasília). O abalo, causado pelo deslocamento imprevisível de placas tectônicas no Pacífico, provoca um tsunami na costa nordeste do país e deixa centenas – já se fala em milhares –, de mortos, feridos, desaparecidos e desabrigados.
Sem comunicação – pois o acesso à eletricidade e gás fora interrompido para segurança da própria população –, brasileiros que moram no Japão demoram a compreender o que de fato está acontecendo e a dar notícias para quem está no Brasil, aflito, esperando apenas um contato.
No Japão
A paulista Carla Okabayashi é operária a mais de 10 anos no Japão, e assume o medo que sentiu, mesmo estando do lado oposto a região atingida pelo tsunami. “Eu moro na cidade Hamamatsu, no estado Shizuoka Ken, no sul do país. Aqui aconteceu só o terremoto. Mas foi muito forte, quatro ou cinco graus. Eu estava trabalhando, e minha perna não saia do lugar de medo. Foi aterrorizante, horrível, apesar de fraco, perto do horror que foi do lado norte”, conta.

O pastor Valdir Souza, responsável pelo trabalho evangelístico da Igreja Universal no Japão, estava chegando ao país em um voo comercial enquanto o terremoto e o tsunami aconteciam na sequência (foram apenas 30 minutos de intervalo entre um fato e outro). Ele não sabia o motivo da demora do pouso do avião. Foram três horas de espera. Lá de cima, não se conseguia enxergar as imagens catastróficas que o mundo logo em seguida acompanharia pelos noticiários.
“Com essa tecnologia avançada, eu consegui ligar o celular. Então, fui ver as notícias e o mundo estava acabando. Comecei a acessar e assistir aos vídeos. Eu queria sair do avião, mas ele não conseguia pousar. A gente estava entrando no Japão, o avião ia pousar em Nagoya e ele arremeteu novamente. Fomos para outra cidade, chegamos por volta de 16h30 da tarde e ficamos até 17h15. Rumo novamente à Nagoya, nós desembarcamos às 19h30 da noite na cidade”, explica o pastor.
No Brasil
O jornalista brasileiro, Márcio Yukio Ikuno, tem amigos e parentes morando no Japão. Ele e sua mãe tentaram contato com a tia, que mora em Shiga-ken, no Sul do País, mas não conseguiram. “Acreditamos que essa dificuldade de falar com ela seja por conta da falta de luz pelo corte das linhas telefônicas”, aponta.
Márcio conseguiu, então, contato com alguns amigos que moram em Ibaraki, Shiga, Kanagawa, Nagoya e em várias outras províncias, através de e-mail e redes sociais. “Eles me falaram que em Tóquio, por exemplo, mais de 25 mil pessoas não conseguiram voltar para suas casas, por conta do transporte que parou. Foi a única coisa que deu para saber”, diz.

Muitos cidadãos continuam instalados em escolas públicas que abriram suas portas para abrigar quem não pode voltar para casa por causa do frio, falta de transporte, ou do caos nas ruas das cidades mais atingidas. Outras andam apressadas e aflitas rumo a seus lares, já que não conseguem contato com os pais, filhos e cônjuges, devido à paralisação das linhas de telefones fixos e celular.
Quem não consegue contatar parentes e amigos que estão no Japão pode procurar ajuda do governo brasileiro, por meio dos Consulados e representações no Brasil:
Brasília - (61) 3442-4200
São Paulo - (11) 3254-0100
Curitiba - (41) 3322-4919
Rio de Janeiro - (21) 3461-9595
Porto Alegre - (51) 3334-1299
Recife - (81) 3207-0190
Manaus - (92) 3232-8582
Belém - (91) 3249-3344

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