quinta-feira, 25 de junho de 2015

Você sabe o que está por trás do Desafio Charlie Charlie?

O que essas “brincadeiras inocentes” têm feito na vida das pessoas e por que jovens correm riscos após participar deste jogo.

Você já foi convidado por alguém para participar das famosas “brincadeiras de invocar espíritos”, como a do copo, a do compasso ou a de chamar a loira macabra do banheiro? Eu já e me lembro como se fosse hoje. Tinha dez anos e meus colegas diziam que existia uma forma de obter respostas para nossas dúvidas por meio do mundo “espiritual”.
Como meu sobrenome era “curiosidade”, aceitei participar. Realmente vi o copo balançar e o compasso se mexer. Só não vi a loira do banheiro. O que eu ganhei com isso? Anos de insônia, medo do escuro e até de ficar sozinha em casa. Meus pais sofreram porque tiveram de me aguentar dormindo entre eles várias noites.
Os anos passam e as brincadeiras apenas ganharam novos nomes. Recentemente, a novidade que ganhou destaque na internet foi o Desafio Charlie Charlie. Pessoas do mundo inteiro mostram em publicações nas redes sociais a experiência. Elas colocam dois lápis cruzados sobre uma folha de papel em que escrevem as palavras “sim” e “não”. Em seguida chamam um espírito que seria mexicano – o tal do Charlie – para responder às perguntas.
O curioso é que aqui no Brasil crianças e adolescentes têm passado muito mal com este “desafio”. Em Manaus, por exemplo, adolescentes de cinco escolas foram parar no hospital após invocar o espírito Charlie. Vômitos e desmaios fizeram com que a direção da escola chamasse a ambulância.
Em Roraima, a Polícia Militar foi acionada porque na escola Estadual Luiz Hitler de Lucena havia muitos jovens em surto. Elizabete da Silva Faria, de 59 anos, merendeira no local, disse que ficou muito assustada com o que viu. “Os alunos fizeram este jogo e depois os vi agitados e nervosos. O que me marcou foram os gritos desesperados de uma jovem que ficou pálida rapidamente e sem sentidos. Logo acionamos a polícia”, relata.
Um dos policiais sugeriu que encaminhassem os jovens até uma igreja. “Foram necessárias cinco viaturas, pois a situação era insustentável. Após percorrerem algumas igrejas, sem sucesso, pois estavam fechadas, encontraram um de nossos templos da Universal”, comenta o pastor Vitor Vicente, responsável pelo trabalho evangelístico da sede Raiar do Sol, no Estado de Roraima.
Lá, os jovens receberam uma oração e ficaram bem. Um tenente que atendeu a ocorrência fez questão de protocolar o que aconteceu e enviar a seguinte mensagem a todos os colegas de profissão: “Solicito ao comando que leve aos policiais conhecimentos espirituais para que, se acontecer algo parecido novamente, todos saibam conduzir a situação da melhor maneira possível. As cenas presenciadas por nós foram chocantes e desesperadoras”, diz o primeiro- tenente Ideraldo Marcondes,.
Ele conta que presenciou um jovem batendo sem parar a cabeça na árvore e outros desmaiando. Assustado com o que aconteceu, o policial deixa um alerta aos pais: “Devemos orientar nossos filhos para que não brinquem com este tipo de ‘coisa’, pois não sabemos as consequências”.
Como os pais devem agir?
É verdade que os pais não conseguem controlar o que os filhos fazem, mas podem orientá-los sobre as consequências de seus atos. Jaqueline de Lima Colucci, de 29 anos, corretora de imóveis, é mãe do pequeno Davi Rodrigo Bizusko, de 10 anos, e sempre procura pedir ao filho para compartilhar tudo o que acontece na escola.
“Há pouco tempo, quando ele chegou em casa, me contou que tinha alguns colegas da escola que estavam fazendo o ‘Desafio do Charlie’ na hora do intervalo e o convidaram para participar. Fiquei muito preocupada”, afirma a mãe.
Ela frequenta a Universal com Davi há cinco anos e buscou ajuda. “Com muita calma o orientei e expliquei que estavam invocando espíritos ruins. Ele ficou espantado e comentou com os amiguinhos na igreja. O curioso é que a maioria disse que nas escolas que frequentam também estão fazendo a brincadeira”, ressalta.
Davi disse que, após a explicação da mãe sobre o jogo e suas consequências, não vai participar. “Os meus amigos perguntam por que eu não quero brincar disso e eu digo que sei que essas coisas são do mal”, afirma.
Para a psicopedagoga Daniela Fany Nogueira Depolli, os pais devem ter uma postura participativa e um diálogo aberto semelhante ao que fez Jaqueline. Dessa forma, a criança e o jovem entenderão por que não devem participar do jogo. “Uma dica é entrar em contato com outros pais e com a direção do colégio e saber qual atitude está sendo tomada para que este jogo seja erradicado do ambiente”, aconselha a especialista. Além disso, ela acrescenta que os pais devem pesquisar sobre o assunto, pois só assim estarão cercados e embasados para argumentar com seus filhos.


Você que já participou: fique atento
Jeniffer Stephanie Maria Mauricio Lisboa, de 22 anos, dona de casa, passou a adolescência participando de jogos que invocavam espíritos e o que era para ser apenas uma brincadeira se tornou um pesadelo na vida da jovem.
“Só podíamos terminar e sair da brincadeira se os espíritos ‘permitissem’”, revela Jeniffer. Ela presenciou cenas macabras. “Em uma das vezes em que brincamos uma colega ficou paralisada, começou a chorar e dizia estar vendo o primo morto na sua frente. Ficamos apavorados”, relembra.
Ela ouvia vozes, via vultos e isso a atormentava muito. “Sentia a presença de espíritos, tinha muito medo do escuro, comecei a me envolver com más amizades e a usar drogas, relatos sobrenaturais me excitavam, passei a ir mal na escola e minha vida virou um inferno”, desabafa a jovem, que, em meio ao desespero, decidiu buscar ajuda na Universal.
Na infância, Jeniffer já havia frequentado a igreja, mas afirma que, por causa desses problemas, retornou. “Decidi sozinha ir à uma palestra sobre libertação. Depois da primeira reunião, senti um alívio grande e não parei mais. Abandonei todos aqueles jogos e hoje sou outra pessoa. Mas isso só aconteceu porque eu tomei uma atitude e sigo com esta fé até hoje”, completa.
Qual é a relação das brincadeiras com a vida espiritual e emocional?
Segundo o especialista em paranormalidade e bispo Guaracy Santos, as pessoas devem ter cuidado. “Estão mexendo em casa de marimbondo e não sabem. Qualquer invocação de espíritos traz resposta imediata. A vida de uma pessoa é abastecida pelo espírito a quem ela invoca, que está no controle da sua mente e com o domínio de cada área da vida dela”, explica o bispo.
Ele comenta o que aconteceu com o elenco do filme de terror Poltergeist, exibido nos anos 80. “Muito pouco tempo depois de passar nos cinemas, uma parte expressiva do elenco morreu tragicamente. Este apetite pelo desconhecido e por previsões do futuro é nocivo e perigoso. Se queremos saber mais de Deus, consultemos a palavra Dele e isto nos basta”, conclui o bispo Guaracy.
Já o psiquiatra com mestrado em ciências da religião Pérsio Ribeiro Gomes de Deus deixa claro que as atividades que envolvem espíritos podem gerar traumas psicológicos, que são danos emocionais que surgem como resposta a uma situação ou um acontecimento. “Entre eles estão o medo, a insônia, as pseudoalucinacões e até os surtos psicóticos e eles podem evoluir para comportamentos obsessivos-compulsivos, fobias, depressão”, alerta.
Por isso, esteja atento a tudo o que você faz porque as consequências podem ser quase irreversíveis. Caso você, seu filho ou filha já tenham participado dessas atividades ou tenham algum dos sintomas citados na matéria, busque orientação espiritual em uma Universal mais próxima de você. Evite o desconhecido, procure estar sempre em sintonia com o que faz bem, busque se aproximar de Deus.
Jogo de marketing
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O Desafio Charlie Charlie, que incentiva os jovens a invocarem o “espírito Charlie” é uma estratégia para divulgar um filme de terror americano chamado A Força. A produtora responsável publicou um vídeo na internet explicando como chamar o tal “espírito” e, com isso, milhares de jovens curiosos repetiram essa atitude.

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