domingo, 5 de julho de 2015

Somos muito diferentes. Será que pode dar certo?

Aprenda a usar as diferenças entre vocês e torná-las aliadas.


Um gosta de preto e o outro de branco, um prefere a noite e o outro o dia, um gosta de sair e o outro prefere ficar em casa. É possível que um casal que contraste tanto consiga ter um bom relacionamento? Depende. É essencial entender que nenhum ser humano é igual. Talvez o começo do casamento acentue ainda mais isso até chegar ao ponto de você se perguntar: “por que me casei com alguém tão diferente de mim? Isso nunca vai dar certo”.
Mas, calma. Existem diferenças e diferenças. Algumas podem até ser benéficas para o casamento, já que forçam um dos dois lados a sair da zona de conforto. É o que explica o psicólogo Vitor Barros Rego, mestre em psicologia social. “As diferenças costumam gerar pontos de vistas variados, mas isso não quer dizer antagônicos, contrários um ao outro. A diferença, no seu lado positivo, nos beneficia com a possibilidade de nos vermos de outra maneira e também de sentirmos sensações novas”, explica.
Como assim sensações novas? É fácil de entender. Se você se casar com alguém muito parecido com você, os dois irão padecer de tédio cedo ou tarde. Sempre frequentarão os mesmos lugares, farão os mesmos programas, comerão os mesmos pratos. Mas e se você conhecer alguém que quebre a sua rotina e mostre outros lados da vida? Uma relação tende a se fortalecer ainda mais quando um acrescenta algo à vida do outro.
E o que fazer quando as diferenças não são tão simples assim? Para o psicólogo, é necessário discutir tudo antes de levar o compromisso adiante. “Existem diferenças mais drásticas, como valores a serem cultivados na vida. ‘Fingir’ que elas sumirão com o casamento pode ser uma cilada causadora de sofrimento. Ou você ficaria comendo a mesma comida ruim na esperança de algum dia o cozinheiro fazê-la do seu gosto?”, questiona.
Para a farmacêutica Gabrielli Tonon, de 30 anos, não há dúvidas quanto às diferenças que devem ser levadas em conta ou não dentro do seu relacionamento com o professor Adriano Rodrigues Duarte, de 37 anos. Ela conta que, quando eles se conheceram, percebeu que os dois não tinham nada a ver: ela gosta de um tipo de alimentação mais saudável e ele de fast-food. Ela gosta de viajar e de sair e ele é caseiro. Ela é do interior e ele da cidade grande. Mesmo assim, Gabrielli enxergou algo nele que a convenceu de que o relacionamento dos dois daria certo. “Eu vi que ele era muito gentil, me respeitava muito e me tratava bem”, relata.
Se mesmo com as diferenças os dois se apaixonaram, o casal aprendeu a conviver com elas para que, no casamento, elas se transformassem em aliadas. “É um exercício diário, cada um precisa saber ceder”, diz Gabrielli, que garante que “para o que realmente importa não temos diferenças, somos iguais, temos os mesmos valores de vida, queremos construir uma família em cima do que acreditamos, com respeito, companheirismo, tolerância e amor”, diz.
Toda união é uma escolha e sempre implica em saber abrir mão de algo, assim como Gabrielli e Adriano fazem. “Com as diferenças, aprendemos a viver um pouco do modo do outro. Ouvimos MPB, que eu gosto, enquanto comemos pizza ou sanduíche que ele gosta. Em outra ocasião ele vai comigo a um restaurante vegetariano”, revela Gabrielli.
Para o psicólogo, é preciso estar consciente de que os dois, homem e mulher, precisam estar preparados para ceder de vez em quando. “A pessoa precisa saber que terá que renunciar pelo bem da união. E que essa união tem uma espécie de contrato implícito, que deve ser reconfigurado várias vezes ao longo da convivência. Lembrando que um contrato tem que ser assinado pelas duas partes, em comum acordo, e não de maneira unilateral, sem que a outra parte saiba”, finaliza o profissional.

Nenhum comentário: