quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A culpa é nossa.

"Quem colocou essas pessoas no poder? Nós. Nossa indiferença. Nossa preguiça".
 
       
Como anda sua capacidade de ficar indignado?
Por exemplo, contra a desigualdade social que arrebanha exércitos de pedintes em todas as grandes cidades brasileiras, implorando por um trocado ou um prato de comida. Ou pelos rios de lama e dejetos que matam a água que nos mantém vivos. E quanto à corrupção indecorosa, que assassina lentamente a esperança de construirmos um futuro mais decente para o Brasil.
 
Na verdade, há uma preguiçosa indiferença da população em relação à lamentável situação em que vivemos. Falar em crise não traduz completamente a tragédia moral que se abateu sobre nós há muitos anos. Em qualquer outro momento de nossa história, ou em qualquer outro país, ministros teriam sido demitidos e políticos afastados da vida pública pelo voto dos eleitores.
 
Parlamentares e empresários que sempre desfilaram pelo noticiário como grandes figuras da República foram pegos com os dedos lambuzados pelo dinheiro público que roubaram, tirando dos mais humildes a possibilidade de um atendimento médico digno, de uma boa escola para os filhos, de receber serviços públicos com qualidade proporcional ao caminhão de impostos que pagamos.
 
E quando imaginamos que a tragédia está restrita aos políticos que frequentam Brasília, a Rede Record nos apresenta a prova de que a degradação ética é uma epidemia que já chegou ao coração e à alma do Brasil: o Rio de Janeiro.
 
Atrás da cortina da propaganda que vem iludindo os cariocas e demais fluminenses, há um Estado falido, com sérias pendências éticas e legais, comandado por políticos que devem urgentes explicações à população. Se é que haverá alguma justificativa para as graves denúncias que o jornalismo da Rede Record trouxe a público.
 
E quem colocou essas pessoas no poder? Nós. Nossa indiferença. Nossa preguiça.
 
Dados da Justiça Eleitoral apontam que o número de eleitores que não comparecem, que votam em branco ou nulo nas eleições vem aumentando muito. Na última eleição, quase 30% do eleitorado brasileiro se absteve de escolher quem comandaria o destino do País e dos 27 Estados.
 
Há quem aposte que esse desinteresse é consequência da crise moral. Meu palpite é outro: nosso desprezo pela política é a causa. Com nossa omissão, deixamos no controle aqueles que lá sempre estiveram ou suas dinastias. A culpa é nossa.
Na próxima eleição, lembre-se: a urna será sempre o melhor e mais rápido detergente para limpar a sujeira que emporcalhou nossos governos.
 
 (*) Renato Parente é assessor de Comunicação Social da Universal

Fonte: Universal.org

Nenhum comentário: