quinta-feira, 7 de abril de 2016

Você sabe qual é a origem da páscoa?

Data começou com os hebreus, mas ganhou novo significado para os cristãos.


Para os cristãos, a Páscoa é a celebração da ressurreição de Jesus, comemorada no terceiro ou quarto mês do ano. Na mesma época, os judeus comemoram o Pessach. Muitos pensam que a festa judaica celebra a passagem dos hebreus pelo deserto rumo à Terra Prometida. Mas o verdadeiro significado da data é lembrar a passagem bíblica em que, em uma das
dez pragas infligidas contra o Egito, Deus envia um anjo para tirar a vida dos primogênitos da região. Para ser poupada da morte do filho mais velho, a família deveria marcar a porta de sua casa com o sangue de um cordeiro sacrificado. 
Moisés foi instruído por Deus a mandar cada família hebreia sacrifi car um cordeiro e usar seu sangue para marcar os batentes das portas de suas casas. Nos lares marcados, o anjo executor não entraria. Daí a ideia de “passagem” no nome da festa para os judeus – Passover, “passar sobre” em inglês, dando a mensagem de “passar direto”, ou Pêssach, em hebraico. 
Deus ordenou que o fato fosse comemorado após aquele ano, para sempre (Êxodo 12.12-14). Chegada a noite anunciada, a família cearia, comendo a carne do cordeiro com pães ázimos (feitos sem fermento) e ervas amargas. O costume se brados logo depois do Pessach. A Festa dos Pães, sim, é a celebração que comemora a saída do Egito para a liberdade.
Por serem muito próximas, as datas passaram a ser comemoradas quase como uma só.
O fermento tem um significado de pecado, mas a ausência dele no pão também tem um significado mais prático: a pressa. A fermentação de uma massa de pão leva certo tempo para acontecer, e Deus já estava preparando os hebreus para
a vida itinerante no deserto. O tempo disponível para os afazeres diários seria algo raro, bem contado. Uma massa ázima não precisa do tempo de fermentação para ficar pronta e pode ser rapidamente assada.
Preparativos
Para o Pêssach, os preparativos são muitos desde os tempos bíblicos, quando a festa, junto com a dos Pães Ázimos, tornou-se uma grande celebração. As pessoas vestiam suas melhores roupas e se preparavam como se fossem sair para
uma viagem. As casas era bem arrumadas, pois receberiam muitos hóspedes. Os utensílios de cozinha eram minuciosamente limpos ou novas peças eram compradas – hoje, algumas famílias têm louças e pratarias especiais
para a data.
Daquela época até hoje, o fermento é excluído da dieta nos dias da festa, e não deve haver nem um pouco dele em qualquer parte da casa, após rigorosa inspeção do chefe da família. Na época do Antigo Testamento, carneiros ou cabritos eram comprados e levados ao Templo de Salomão (como também era feito antes, no Tabernáculo) para sacrifício, geralmente um animal para cada 10 ou 12 parentes. A gordura era queimada, o sangue oferecido no altar e as carcaças limpas eram  penduradas. As famílias levavam as partes do animal para assar em casa, com espeto feito com madeira de romãzeira, para compor a ceia pascal, chamada Sêder, em que cada alimento segue um simbolismo:
- No centro de uma bandeja especial, a Keará, são colocados três pães ázimos, que representam os três grupos de judeus: Cohanim ou Cohen (sacerdotes, descendentes de Aarão), Leviim (os demais Levitas, também dedicados ao Templo) e Israel (o povo em geral).
- O Zeroá, um pedaço de osso de cordeiro ou cabrito, simboliza o animal sacrificado, cujo sangue foi usado para marcar as casas (alguns usam hoje um pedaço de frango).
- O Betsá, um ovo cozido, lembra o sacrifício que se oferecia em cada festividade. Uma simbologia importante: quanto mais se cozinha um ovo, mais duro ele se torna. Essa é uma alusão ao povo judeu, que quanto mais é oprimido, mais forte se torna. Esse é um dos motivos para a presença dos ovos em chocolate hoje em dia.
- O Marór, que pode ser qualquer verdura bem amarga, representa o sofrimento dos escravos judeus.
- O Charoseth, uma mistura de nozes, amêndoas, tâmaras, canela e vinho, representa a massa de argila com a qual os judeus escravos trabalhavam na construção das obras dos egípcios.
- O Karpás, um talo de aipo (ou salsão) molhado em vinagre ou salmoura, lembra o hissopo (Ezov) com o qual os hebreus aspergiram o sangue nas casas.
- O Chazéret, mais uma porção de Marór, é servida para ser ingerida com os pães.
- Também fica na mesa um recipiente com água salgada, em que se mergulham as verduras, e uma taça com vinho para cada um dos presentes.
- O principal intuito da festa, além da adoração a Deus, é religar o povo judeu todos os anos à sua própria história. Foi perto das festividades do Pessach que ocorreu a morte e a ressurreição de Jesus, daí a relação das comemorações judaica e cristã. Para os cristãos, a liberdade também dá o tom: o Messias, ressuscitado, libertou aqueles que estavam em poder do pecado, desligados de Deus pelo pecado original. Isto nos faz concluir que a celebração da Páscoa cristã não tem nada a ver com coelhos e, também, não se resume aos ovos de chocolate, que são comercializados nessa época do ano.

Nenhum comentário: